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21 maio, 2012

65 anos do Eclipse Solar de Bocaiuva


Considerado como o evento científico mais importante acontecido em Bocaiuva, Norte de Minas, o Eclipse Total do Sol completou 65 anos do seu acontecimento neste domingo, 20 de maio.
 
O B-17, da Força Aérea Americana, fotografou o fenômeno
Até hoje é controverso o motivo da escolha da cidade para a observação do fenômeno que ficou conhecido como o Eclipse de Bocaiuva e que deslocou para o pequeno vilarejo no sertão brasileiro equipamentos da mais alta tecnologia, à epoca, e aviões de grande porte, como o B-17, conhecido como a Fortaleza Voadora.



Participaram efetivamente do estudo do fenômeno, cientistas e militares, entre norte-americanos, russos e ingleses, além da cobertura da mídia de alcance mundial, como a Rede NBC e a National Geographic Society, e também da imprensa nacional, como a revista O Cruzeiro.

Seis décadas e meia depois, pouco resta dos vestígios do acampamento onde foram instalados os telescópios e a base de operações na região da Extrema, na zona rural distante cerca de 15 km de Bocaiuva. 

No local, podem ser vistos apenas vestígios das bases dos enormes telescópios e o marco do Eclipse, este, protegido por lei. Perto dali, a ruína de uma escola municipal que depois de construída entre o final dos anos 1990 e início dos anos 2000, não chegou, sequer, a entrar em funcionamento.

Marco do Eclipse de 1947 resiste ao tempo e ao abandono. (Foto: Jair Bastos)
O Clube de Astronomia Amadora de Bocaiuva, recém-fundado, tem planejado, silenciosa, mas efetivamente, a implementação de projetos para o resgate deste importante acontecimento para o município e aproveitar esta herança de patrimônio histórico-científico para o desenvolvimento local. 

Entre os projetos, está a aquisição de um telescópio para incentivar a prática da Astronomia entre crianças e adolescentes, fomentando uma nova geração de admiradores da Ciência.

Para o jornalista Jair Bastos, um dos fundadores do Clube de Astronomia, não se pode deixar de lado algo tão relevante para a história mundial. “Muitos aspectos estão envolvidos nesse fenômeno que é pouco conhecido pela nossa população”, ressalta. 

“Precisamos dar valor ao passado, agir no presente e construir para um futuro melhor”, diz, referindo-se à necessidade de recuperar o patrimônio deteriorado para que não se perca ainda mais do que restou do Eclipse de 1947. 

Histórica astronômica*

Terra natal de Herbert de Souza - o Betinho, da Ação da Cidadania contra a fome e a miséria -, de José Maria Alkmim - amigo de Juscelino Kubitscheck, ex-ministro da Fazenda, ex-vice-presidente da República -; de Patrus Ananias – ex-ministro do Desenvolvimento Social -, e de tantos outros filhos ilustres, o município de Bocaiuva foi cenário de um acontecimento que o colocou em evidência em todo mundo. O ano foi 1947. Bocaiúva era o local escolhido

Cientistas e militares de vários países aportaram na cidade para observar o primeiro eclipse solar previsto cientificamente. Fizeram um verdadeiro acampamento de guerra na região conhecida como Extrema, na zona rural, há cerca de 15 km do centro da cidade. Telescópios, balões meteorológicos e todos os equipamentos de ponta estavam à disposição da equipe de cientistas. 

Além dos veículos de transporte terrestre, a Fortaleza Voadora B-17"pousava e decolava da pista construída especialmente para receber as aeronaves. O fato foi observado por cientistas e pela imprensa mundial. 

Segundo reportagem da Folha de São Paulo, de 20 de maio de 1947, após o eclipse as primeiras declarações dos cientistas americanos e brasileiros que observam a marcha do eclipse foram as seguintes: “Perfeito o trabalho. Raramente se poderá conseguir um campo de observação com as condições atmosféricas tão propícias como as que predominaram esta manhã em Bocaiuva”

De acordo com Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais (Ceamig), “aquele eclipse era muito importante para a astronomia internacional, pois, após a guerra, era a primeira oportunidade de se observar um eclipse de grande duração, e que seria visível em regiões com boas qualidades logísticas”

Ainda de acordo com a entidade, George Van Biesbroeck, do Observatório de Yerkes, EUA, planejava observar o efeito Einstein, como forma de tentar comprovar a Teoria da Relatividade. 

Dessa forma, Bocaiuva é conhecida no cenário astronômico como a Capital Espacial.


* Adaptação do texto publicado originalmente no post Meteorito Bocaiuva apresentado em evento na UFMG.

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