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01 dezembro, 2010

Presidente Lula concede entrevista coleta para rádios comunitárias

Nesta quinta-feira, 2, a partir das 9h, presidente Lula concederá uma entrevista coletiva a 10 emissoras de rádio comunitária no Palácio do Planalto, em Brasília (DF).

O evento é evento promovido pela Secretaria de Imprensa da Secom, Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e pela Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço).

A coletiva pode ser acompanhada aqui, no blog O Pequizeiro.




Na semana passada, o presidente teve um encontro com um grupo de blogueiros, no Palácio do Planalto.

01 novembro, 2010

56 a 44: Dilma deu uma surra. O PiG (*) vai esconder

Em 2002 e 2006, Lula derrotou os tucanos pelo mesmo placar: 61 a 39.

O PiG (*) e seus notáveis colonistas (**) jamais disseram que foi uma surra.

O único que disse isso foi o New York Times que considerou a vitória de Lula acachapante.

Agora Dilma, que jamais se candidatou a um cargo eletivo, deu outra surra: 56% a 44% com 12 milhões de votos de diferença.

José Serra manteve o padrão sórdido que empreendeu em sua sólida campanha.

No mundo inteiro, o candidato derrotado fala primeiro ao público e dá parabéns ao vitorioso.

Aqui no Brasil, José Serra, que até hoje não admite ter perdido a eleição de 2002, deu-se ao direito de falar depois de ouvir discurso da vencedora.

Uma vez calhorda, sempre calhorda.

Paulo Henrique Amorim



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (*) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

Fonte: Site Conversa Afiada

26 outubro, 2010

SLOGAN DE CAMPANHA: "Vote em 1 careca e ganhe 2"

09 outubro, 2010

[VÍDEO VERDADE] Gabriel Chalita fala sobre os boatos nas eleições

Gabriel Chalita foi eleito nestas Eleições de 2010, deputado federal, pelo estado de São Paulo, com mais de 560 mil votos.

Antes, Chalita foi secretário estadual de Educação, do governo Geraldo Alckmim.

Ao longo de sua gestão, Gabriel Chalita aumentou o salário dos professores em 50%.

Hoje, no PSB, continua sendo uma das figuras mais sensatas, verdadeiras e humanas da política brasileira.

Acompanhe, com atenção, o que ele falou sobre as boatarias em torno das eleições presidenciais, em entrevista ao jornalista Paulo Henrique Amorim, na Record News.







Com informações do site Conversa Afiada.

08 outubro, 2010

Nome da CNBB está sendo usado para confundir os fiéis, afirma Comissão

Diante das manifestações de alguns membros da Igreja Católica, a Comissão Brasileira Justiça e Paz, divulgou nota afirmando que o nome da CNBB está sendo usado indevidamente com o objetivo de confundir os fiéis.

Ainda segundo a nota, o organismo vinculado à CNBB diz que a nota da presidência da Regional Sul 1, sediada em São Paulo, "continua sendo instrumentalizada eleitoralmente".

O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) também publicou a nota em seu site.

Leia, abaixo, a íntegra da nota da CBJP:


Nota da Comissão Brasileira Justiça e Paz

O MOMENTO POLÍTICO E A RELIGIÃO

“Amor e Verdade se encontrarão. Justiça e Paz se abraçarão” (Salmo 85)

A Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP) está preocupada com o momento político na sua relação com a religião. Muitos grupos, em nome da fé cristã, têm criado dificuldades para o voto livre e consciente. Desconsideram a manifestação da presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil de 16 de setembro, “Na proximidade das eleições”, quando reiterou a posição da 48ª Assembléia Geral da entidade, realizada neste ano em Brasília. Esses grupos continuaram, inclusive, usando o nome da CNBB, induzindo erroneamente os fiéis a acreditarem que ela tivesse imposto veto a candidatos nestas eleições.

Continua sendo instrumentalizada eleitoralmente a nota da presidência do Regional Sul 1 da CNBB, fato que consideramos lamentável, porque tem levado muitos católicos a se afastarem de nossas comunidades e paróquias.

Constrangem nossa conciência cidadã, como cristãos, atos, gestos e discursos que ferem a maturidade da democracia, desrespeitam o direito de livre decisão, confundindo os cristãos e comprometendo a comunhão eclesial.

Os eleitores têm o direito de optar pela candidatura à Presidência da República que sua consciência lhe indicar, como livre escolha, tendo como referencial valores éticos e os princípios da Doutrina Social da Igreja, como promoção e defesa da dignidade da pessoa humana, com a inclusão social de todos os cidadãos e cidadãs, principalmente dos empobrecidos.

Nesse sentido, a CBJP, em parceria com outras entidades, realizou debate, transmitido por emissoras de inspiração cristã, entre as candidaturas à Presidência da Republica no intento de refletir os desafios postos ao Brasil na perspectiva de favorecer o voto consciente e livre. Igualmente, co-patrocinou um subsídio para formação da cidadania, sob o título: “Eleições 2010: chão e horizonte”.

A Comissão Brasileira Justiça e Paz, nesse tempo de inquietudes, reafirma os valores e princípios que norteiam seus passos e a herança de pessoas como Dom Helder Câmara, Dom Luciano Mendes, Margarida Alves, Madre Cristina, Tristão de Athayde, Ir. Dorothy, entre tantos outros. Estes, motivados pela fé, defenderam a liberdade, quando vigorava o arbítrio; a defesa e o anúncio da liberdade de expressão, em tempos de censura; a anistia, ampla, geral e irrestrita, quando havia exílios; a defesa da dignidade da pessoa humana, quando se trucidavam e aviltavam pessoas.

Compartilhamos a alegria da luz, em meio a sombras, com os frutos da Lei da Ficha Limpa como aprimoraramento da democracia. Esta Lei de Iniciativa Popular uniu a sociedade e sintonizou toda a igreja com os reclamos de uma política a serviço do bem comum e o zelo pela justiça e paz.

Brasília, 06 de Outubro de 2010.

Comissão Brasileira Justiça e Paz,
Organismo da CNBB

Com informações da CBJP e do MCCE 

10 agosto, 2010

Sobre a escola de jornalismo

* Demétrio de Azeredo Soster

Se o então ministro Gilmar Mendes, quando da elaboração do texto que viria a
embasar seu voto pela não obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão, tivesse lido o livro
A Escola de Jornalismo: a Opinião Pública, de Joseph Pulitzer (Insular, 2009), talvez não apequenasse, de forma tão vexatória, o Supremo Tribunal Federal (STF), como o fez. É uma hipótese.

O fato é que, ao demonstrar ignorância sobre o que significa a formação superior em Jornalismo, tanto para quem emprega como para quem é empregado, legitimada do ponto de vista documental pelo diploma – a exemplo do que ocorre com profissões como a Medicina e o Direito, para ficarmos em duas – Gilmar Mendes agiu de encontro ao momento evolutivo da sociedade.

Observe, caro leitor, cara leitora, que eu disse “de” encontro, ao invés de “ao” encontro. Explico: face à compressão espaço-temporal em que vivemos, decorrência principalmente do desenvolvimento tecnológico da sociedade, e suas complexificações, as empresas necessitam, cada vez mais, profissionais qualificados ao exercício da profissão para sobreviverem à concorrência e se manterem saudáveis.

Equivale a dizer que, diferentemente do que ocorria há duas décadas, há cada vez menos tempo para treinar funcionários, basicamente porque a multiplicação de jornais, revistas, rádios, televisões e sites de natureza jornalística exige dos que trabalham com informação resultados tão rápidos quanto satisfatórios, sem tempo para aprendizado.

É onde se potencializa o papel da universidade, particularmente em nível de graduação, na formação dos futuros jornalistas. A ela cabe instrumentalizar os aprendizes, por meio de ensino, pesquisa e extensão, de tal forma que, quando formados, não apenas sejam capazes e competitivos como estabeleçam, por meio de seu ofício, diferença para melhor no mercado de trabalho.

Diferença esta que se personifica, claro, no desempenho adequado das tarefas para que foram contratados, mas, sobretudo, na compreensão do que sua presença no mercado de trabalho significa para a sociedade como um todo, haja vista que estamos falando de um ofício que, para além do caráter de negócio, possui obrigações e responsabilidades de natureza pública.



Joseph Pulitzer se autointitulava um
defensor do lado das pessoas e
um porta-voz da democracia 
E, para isso, ao lado do conhecimento prático, é preciso também instrumentalização de natureza ética, filosófica e sociológica; sobretudo, jornalística, com o que retornamos ao livro de Pulitzer.

Trata-se, a obra, de uma vigorosa defesa da escola de Jornalismo, escrita ainda no século 19 como uma resposta àqueles que, como hoje, insistem em não ver sentido na formação superior para o (bom) desempenho da profissão, e que não sabem, portanto, do que estão falando.
Uma obra que deve ser lida antes de nos posicionarmos a respeito do assunto, sob o risco de nossos argumentos serem inconsistentes, ou mesmo risíveis, como comparar o trabalho de um jornalista ao de um cozinheiro, com todo respeito que o segundo merece para além da hora da fome.

* Jornalista/Subcoordenador do Curso de Comunicação da Unisc

28 julho, 2010

Lula, imprensa neutra e diversidade informativa

O que é realmente uma imprensa livre? A que temos no Brasil é prisioneira do poder econômico, controlado pelas classes endinheiradas. Rigorosamente aprisionada dos preconceitos e visões destas classes. Imprensa livre de quem, então? A preferência dos barões da mídia é escandalosa. Há uma unanimidade contra a candidata de Lula. Exceção feita, nas revistas de circulação nacional, à Carta Capital. Exceção que também se verifica na chamada mídia alternativa, porém extremamente pulverizada e de escassa circulação nacional. Com todo o heroísmo que significa a sua sustentação. O artigo é de Beto Almeida.


O tema da falta de neutralidade da imprensa voltou à baila nesta semana por iniciativa do presidente Lula. Quando ele pede que a imprensa seja neutra ou no mínimo diga que tem candidato, está levantando um problema real e verdadeiro. Mas, a solução para isto, está muito longe da simples decisão dos proprietários de veículos de converterem-se repentinamente a uma neutralidade ou a uma diversidade informativa que nunca praticaram historicamente. A solução caminha para o fortalecimento das mídias públicas e pela construção, no caso brasileiro, de um grande jornal popular e nacionalista. E para esta solução, o próprio presidente Lula poderia sim ser um grande aliado.

A reclamação de Lula foi feita em discurso na Convenção do PT que indicou oficialmente Dilma Roussef como candidata presidencial. Ele registrava o desequilíbrio que sente ao assistir pela televisão a cobertura jornalística da campanha eleitoral. Os tempos e o tratamento são obviamente diferenciados. A preferência dos barões da mídia é escandalosa. Há uma unanimidade contra a candidata de Lula. Exceção feita, nas revistas de circulação nacional, à Carta Capital. Exceção que também se verifica na chamada mídia alternativa, porém extremamente pulverizada e de escassa circulação nacional. Com todo o heroísmo que significa a sua sustentação.

No mesmo discurso Lula fala que “somos todos defensores da imprensa mais livre do mundo” e que não se incomoda com as críticas que recebe. Mas, o que é realmente uma imprensa livre? A que temos no Brasil é prisioneira do poder econômico, controlado pelas classes endinheiradas. Rigorosamente aprisionada dos preconceitos e visões destas classes. Imprensa livre de quem, então?

Mais adiante, no mesmo discurso, Lula fala que é preciso ficar atento e “mudar de canal”. Como mudar de canal? Para qual, se não há alternativas?!!

Neutralidade na imprensa do capital?
Aqui entramos no problema que reiteradamente, não apenas este escriba mas também outros mais qualificados, vem tratando de enfrentar, propondo a fundação de um programa público de estímulo da edição e leitura de jornais. Certamente, os barões da mídia, advertimos com antecipação, vão gritar escandalizados. Estatização da mídia!!! Dirão, alguns. Querem o dinheiro público para fazer política!!! Dirão outros.

Ué, mas isto não vem ocorrendo historicamente?! Como é que se sustenta, esta mesma mídia que ataca editorialmente a participação do estado em ramos essenciais da economia e da sociedade, entre os quais acrescentaria a obrigação de garantir informação diversificada e idônea aos cidadãos? Basta reflefir sobre a informação de que a maior empresa de comunicação do país recebe, apenas ela, mais de 60 por cento das bilionárias verbas públicas federais. Não faz muito tempo, a Revista Veja trazia, numa só edição, 14 páginas de publicidade da Petrobrás, um dos alvos prediletos do cada vez mais precário jornalismo do veículo.

O governo paga para apanhar
Que o governo paga para apanhar, pode ser uma conclusão. Verdadeira, mas não esgota o problema. Aliás, o governo até promoveu um critério novo e mais democrático para a distribuição de sua publicidade. Ainda assim, a grande massa de brasileiros não pode nem mudar de canal, nem pode ler jornal, já que continuamos com a quase unanimidade dos jornais de circulação mais relevantes aprisionados pelos empresários que praticam o desequilíbrio informativo, que estão muito longe da neutralidade sugerida por Lula - aliás, duvido que ela exista. E também não temos, como em outros países ou como já tivemos no passado, um jornal nacional de ampla circulação que refletisse o ponto de vista das classes populares e nacionalistas, que, afinal, existem na sociedade. Ou não? A tomar pela imprensa do capital hoje, parece que estes outros pontos de vista não existiriam. Paradoxo: estas conseguem eleger o presidente da república mas não conseguem construir um jornal que tenha a sua cara e os seus sonhos??

A experiência do jornal “Última Hora”
Já tivemos o Jornal “Última Hora”, nacionalista e popular. Uma página importantíssima na história da imprensa brasileira, tema já tocado aqui por este escriba e também pelo jornalista Laurindo Leal Filho. Tal como Lula hoje, Vargas também percebia que toda a imprensa se voltava contra o nacionalismo, condenava as leis trabalhistas e previdenciárias, hostilizava o salário mínimo, defendia os interesses das oligarquias e, sobretudo, do capital estrangeiro. O presidente Vargas comenta então o problema da desinformação crônica do país com o jornalista Samuel Wainer. E sugere: “Por que tu não montas um jornal?” O encorajamento veio de Vargas. Houve um empréstimo do Banco do Brasil e de outras instituições e nasceu o ‘Última Hora”. Hoje, o presidente Lula poderia ir além da reclamação e das críticas corretas que faz à esta imprensa desequilibrada e propor uma solução. Se disserem que é um absurdo que um presidente encoraje á formação de uma iniciativa deste porte, lembraremos as nebulosas condições em que foi criada a maior rede de televisão do Brasil, inclusive afrontando a lei, conforme demonstrou a histórica CPI do Grupo Time-Life. O encorajamento, digamos, veio de longe...

Aliás, a solução já vem sendo proposta reiteradas vezes por segmentos do movimento de democratização da comunicação. Tanto no Seminário “A imaginação a serviço do Brasil”, de julho de 2002, que preparou um programa específico entregue ao então candidato Lula, como também nos debates da Confecom e nos Congressos Nacionais de Jornalistas, muito embora nem todos os sindicatos a sustentem de modo militante. Clamam por Diploma!! Diploma!!!, mas onde este exército de jornalistas diplomados, espelidos pela indústria do canudo, irá trabalhar? Temos fatores soltos que necessitam ser coordenados. Temos um povo praticamente proibido da leitura. Nossos índices de leitura de jornal, segundo a UNESCO, perdem para os da Bolívia! Temos um exército de jornalistas e escritores talentosos desempregados, vítimas da propaganda enganosa que foi a explosão de faculdades de comunicação no país, prometendo emprego para todos. E temos uma indústria gráfica com 50 por cento de capacidade ociosa crônica. Gráficas paradas e um povo sem poder ler!!!

Esta solução trilha por uma Fundação para o Jornalismo Público. Muitos fundos de pensão de empresas públicas, altamente rentáveis aliás, poderiam associar-se a esta Fundação.

Hipocrisia
Quando os barões da mídia, fingindo-se escandalizados, reclamarem do uso de recursos públicos para um jornalismo de missão pública, que não é o deles, apresentaremos uma tabela com todos os monumentais recursos que durante décadas estas empresas de mídia drenaram do estado. E diremos que estamos apenas reivindicando isonomia. Por que o BNDES pode oferecer empréstimos para a Vale do Rio Doce, para grandes empresários e até poderosas empresas estrangeiras, ou para as empresas de comunicação já instaladas, e esta Fundação para um Jornalismo Público não pode também receber? Que a dívida que grandes empresas de mídia possuem com o INSS seja convertida em favor de um programa que edifique um programa público de leitura e edição de jornais no Brasil é algo ser examinado. E também denunciaremos a hipocrisia desta mídia que ataca o estado editorialmente, mas ante qualquer dificuldade de caixa bate exatamente às portas deste mesmo estado para o uso , sim, do dinheiro público. Elas não se transformaram nestes poderosos conglomerados por eficiência empresarial, mas, sobretudo, por irrigação privilegiada de recursos do estado para sua contabilidade privada!

Jornal popular, nacionalista, a baixo preço
O papel essencial desta Fundação é a de editar e distribuir nacionalmente um jornal de grande circulação, a preços populares, estabelecendo a diversidade informativa preconizada na Constituição. Não é livre uma imprensa aprisionada por uma única classe social poderosa que edita apenas seus desejos e sua vassalagem ante aos grandes interesses. Não esqueceremos jamais: esta mídia que aí está a atacar o fortalecimento das políticas públicas atuais, foi a mesma que atacou Vargas por criar a Petrobrás, chegando até mesmo a proclamar - pasmem - que no Brasil não havia petróleo! Nesta onda de recall das grandes empresas, bateu a inspiração para escrever artigo com o título “E o dia em que fizerem o recall da mídia?”. Quanta informação adulterada, defeituosa, falsificada!!! Será possível corrigir? Afinal, não estamos falando de um tapete, um pedal ou um cabo de freio....Estamos falando de informação, pedra preciosa para a cidadania!

A solução é construir, expandir e qualificar o campo da mídia pública. Mudanças mais audazes nos critérios de distribuição de publicidade oficial já ajudariam muito a reequilibrar o campo de mídia. Com o valor das 14 páginas de publicidade dadas exclusivamente à Veja, uma TV Comunitária se sustenta por vários anos!

Escola de Jornalismo
Além de editar um jornal, esta Fundação para o Jornalismo Público bem que poderia ter uma escola de jornalismo, pois a ideologia da notícia emanada pela imprensa comercial hoje já penetrou de tal modo nas escolas de comunicação que, em certos casos, parece uma cooptação informativo-cultural em torno de valores alheios e até mesmo antagônicos aos do povo brasileiro, dos que produzem e constroem este país. E jornalismo não é fábrica de sabão. Não é pecado sonhar em ter uma escola de jornalismo nesta Fundação sob a orientação de geniais jornalistas, como Mauro Santayanna, por exemplo, que trabalhou naquele valente Última Hora. E tantos outros. É preciso abrir uma página nova no jornalismo brasileiro, pensando nas próximas gerações. E também poderia instalar nesta Fundação uma editora especializada em temas que permitissem ao povo brasileiro ter acesso a livros de qualidade, a baixo custo, e, tematicamente, ajudando na superação das vulnerabilidades ideológicas, padrões de informação e de cultura que querem nos impingir alguns governos intervencionistas, pelos braços de suas ONGs, alardeando ambíguas e ardilosas bandeiras democráticas.

Se nasceu a TV Brasil, a EBC, em sintonia com inúmeras mudanças democráticas da comunicação em vários países da América Latina, por que não avançamos? Por que não ir além da constatação de que estamos padecendo de uma manipulação informativa clamorosa? Denunciar é rigorosamente necessário, tanto quanto apresentar caminhos a seguir. Na Argentina, existe o jornal Página 12 e o fortalecimento da TV e Rádio Públicas, além de uma nova lei de comunicação que proíbe o monopólio. Na Bolívia nasceu o jornal Câmbio e em 8 meses de vida já vende tanto quanto o mais antigo jornal do país, o La Razón, com 70 anos de vida. Na Venezuela, nasceu o jornal Correio do Orenoco, resgatando o jornal original de Simon Bolívar, no qual foi redator o general pernambucano Abreu e Lima, que lutou ao lado do Libertador. No México há o jornal La Jornada, uma espécie de cooperativa.

Já passou da hora do povo brasileiro dar um passo novo para fazer uma nova história do jornalismo. Se oferecemos ao mundo com engenhosidade e criatividade a mais bela festa popular do planeta, se já oferecemos ao mundo um Alberto Santos Dumont, se já lançamos ao mundo um Paulo Freire, um Josué de Castro, um Oscar Niemeyer e uma música de inventividade admirável, por que não podemos pretender criar um outro caminho para um jornalismo tal como previsto na Constituição: humanista, diversificado, plural, respeitando os mais elevados valores da nação, sua diversidade cultural e coibindo o daninho processo de concentração midiática?

Para os que temem nesta proposta alguma nostalgia guttemberguiana, nada disso: o povo brasileiro pode, finalmente, entrar na Era de Guttemberg e, simultamentemente, fazer este jornalismo espalhar-se pelo digital, sobretudo agora que a Telebrás pública irá cuidar de democratizar a banda larga. Mas, é preciso fazer jornalismo, o velho e bom jornalismo, de Jack London, de John Reed, do Barão de Itararé, de Barbosa Lima Sobrinho e do jornalista negro e socialista Gustavo de lacerda, fundador da ABI.

E bem que o presidente Lula, deixando a presidência, pode ser uma espécie de presidente de honra desta Fundação para um Jornalismo Público.

(*) Beto Almeida é Jornalista, Diretor da Telesur

(**) Trecho de discurso do presidente Lula

"Eu estava vendo um certo canal de televisão: a Dilma deve ter aparecido uns 30 segundos, e o adversário apareceu seis vezes em quase seis minutos. É importante a gente começar a ficar esperto, a olhar e começar a ver qual o tratamento vai ser dado - disse, sendo interrompido por aplausos. - Todos somos defensores da imprensa mais livre do mundo. A imprensa muitas vezes cansa de falar mal de mim, e eu acho que faz parte da democracia. Agora, quando se trata de campanha, é preciso que a imprensa seja neutra ou, no mínimo, diga que tem candidato, porque aí nós vamos mudar de canal para ver o canal da nossa candidata e não o do candidato deles".


16 julho, 2010

Sindicato divulga nota sobre mudanças na TV Cultura

Os jornalistas foram surpreendidos no dia 9 de julho com a notícia, veiculada na internet, sobre a demissão de dois jornalistas da TV Cultura. A dispensa teria ocorrido por pressão do candidato à presidente pelo PSDB, José Serra. O ex-governador de São Paulo não gostou da pergunta feita por Heródoto Barbeiro (foto), no programa "Roda Viva", sobre os altos preços cobrados nos pedágios do Estado e de matéria sobre o mesmo assunto, produzida sob direção jornalística de Gabriel Priolli. As tarifas do pedágio são tidas, por muitos analistas políticos, como um dos pontos "sensíveis" da candidatura Serra.

Sobre a intervenção no departamento de jornalismo, a TV Cultura informou que a matéria foi veiculada na sexta-feira, que o jornalista Gabriel Priolli, oficialmente, nunca exerceu o cargo de diretor de Jornalismo e que assumirá a função de assessor na vice-presidência. Quanto ao "Roda Viva", apresentado por Barbeiro, que se encontra em férias, apenas houve troca no comando do programa, que passa a ser apresentado por Marília Gabriela, conforme divulgado pela própria empresa.

Esclarecidos os detalhes da trama (se é que o fato foi realmente esclarecido), resta a grande dúvida sobre o verdadeiro papel representado pelo candidato tucano neste episódio. Admitir a possibilidade de ingerência político partidária sobre uma pauta jornalística significa jogar na lata do lixo a ética, a independência e a razão primeira do fazer jornalístico: a busca da verdade.

Infelizmente o jornalismo na TV Cultura vem, ao longo dos últimos anos, perdendo espaço na programação. Profissionais contratados deixam a emissora e são substituídos, na maioria dos casos, por "PJs". Salários são aviltados, chegando ao cúmulo da diretoria atual recusar-se a obedecer as Convenções Coletivas, obrigando os Sindicatos dos Jornalistas e Radialistas a recorrerem à Justiça para garantir os direitos dos trabalhadores.

É inadmissível que o governo do Estado trate com tamanho descaso a TV Cultura, patrimônio do povo paulista, mantida com recursos públicos. É necessário, neste momento, um grande movimento popular para garantir o caráter público e a independência da emissora".

Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj)
12 de julho de 2010


Fonte: Fenaj
Foto: Pya Lima

09 julho, 2010

Caridade fraterna é tema central da festa do padroeiro de Bocaiuva

Jair Bastos (@jairbastos)

A reflexão do padre Antônio Maia sobre o maior mandamento para os cristãos é o assunto que norteia as celebrações de uma das mais tradicionais festas do interior de Minas: a festa do Senhor do Bonfim de Bocaiuva.

De acordo com o religioso bocaiuvense, “não basta que passemos pelo ‘Cartório Divino’ – a pia Batismal –, na qual somos marcados com o sangue Espiritual de Cristo, mas que tenhamos, qualquer que seja a nossa função na Hierarquia Eclesial, o mandamento maior de Cristo: a caridade fraterna”.

O início do tríduo da festa do padroeiro da cidade, nesta sexta-feira, 9, foi marcado pela procissão dos carros, realizada há quase 30 anos e que promove a aglomeração de uma centena de veículos de diversas localidades do país. Na chegada, como de costume, os fiéis recebem as bênçãos e fazem a doação de mantimentos que serão distribuídos à população carente.

Nestes sábado e domingo acontece o ápice da festa, com o final da novena preparatória e a descida da imagem do Senhor do Bonfim, que percorre as ruas da cidade durante a procissão solene, no domingo. Após a celebração da Santa Missa pelo padre Fernando Andrade, ocorre o levantamento do mastro da bandeira e show pirotécnico.

ROMEIROS

No domingo, a programação começa às 5h30 com a Alvorada festiva e a chegada de romeiros que fazem peregrinação de Montes Claros para Bocaiuva. A tradicional caminhada dos fiéis será celebrada às 10h, na Missa Solene dos Romeiros, presidida pelo padre João Batista, de Montes Claros. À tarde, tem início a preparação para a Procissão Solene, às 16h, que conta com a participação dos movimentos e grupos da igreja local com a apresentação dos quadros-vivos, numa representação de cenas bíblicas e ligadas à vida atual do cristão. Na chegada, o arcebispo metropolitano de Montes Claros, Dom Geraldo Majela de Castro, preside a celebração da Missa Festiva na praça da Matriz. Completando a programação do dia, o músico católico Flavinho apresenta-se no show “Deus é maior”, aberto ao público, também na praça da igreja matriz.

ORIGENS

Segundo os estudos da pesquisadora bocaiuvense Eliana Maria Fernandes Ribeiro, conta a lenda que, por volta de 1700, escravos levavam uma imagem do Senhor do Bonfim com destino à Bahia e, passando por Macaúbas (atual Bocaiuva), resolveram descansar pois estavam cansados da longa viagem. Acampados debaixo de uma frondosa gameleira, adormeceram rapidamente. No dia seguinte, mesmo descansados, tiveram grande dificuldade para levantar a caixa em que estava a imagem. Com grande esforço, conseguiram andar pouco na direção da antiga estrada para Montes Claros. Anoiteceu e eles repousaram. Na manhã seguinte, a caixa havia desaparecido. Voltaram pelo caminho e encontraram o objeto junto à gameleira na qual haviam repousado anteriormente. Depois de tentativas infrutíferas, entregaram a imagem a alguns poucos habitantes da região, que fizeram o primeiro abrigo de palhas para o Senhor do Bonfim. A partir daí, tem início uma série de relatos de peregrinações até a imagem e outros tantos de milagres alcançados depois dos pedidos feitos ao santo padroeiro de Bocaiuva.

A programação completa da festa pode ser vista no site da Paróquia do Senhor do Bonfim.

21 junho, 2010

Oposição Sindical debate diploma com categoria em Montes Claros

Debate promovido pela Oposição Sindical dos Jornalistas de Minas reuniu mais de cinquenta jornalistas e estudantes de jornalismo na palestra proferida pelo companheiro Leovegildo Leal no último dia 16 na Faculdade de Jornalismo da Funorte, em Montes Claros, no Norte de Minas, sobre a grave situação vivida pelos jornalistas em nosso estado e no país em geral e, igualmente, sobre os caminhos a serem trilhados na superação da crise por que passa a categoria.

O propósito objetivado pela Oposição foi plenamente alcançado: marcar o dia em que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suprimir a exigência do diploma para o exercício da profissão completou um ano com uma atividade de mobilização, protesto e conscientização dos segmentos mais combativos da categoria no estado – tomados os companheiros de Montes Claros como emblema – pela reconquista da dignidade de uma categoria, hoje sob o fogo duplo de uma aguda cruzada patronal e, de outro lado, uma absoluta incapacidade e das atuais representações sindicais, tanto em nível regional quanto nacional, em empreender ações efetivas, lutas concretas, contra a investida dos barões da mídia.

Os debates caminharam na linha da identificação dos motivos históricos e econômicos que vem conduzindo à precarização das relações de trabalho no Brasil e no mundo, alcançando o nível concreto das razões pelas quais há mais de três décadas o patronato midiático vem desenvolvendo ações progressivamente agudas contra a nossa categoria, ações diversificadas e abrangentes entre as quais se destaca a sabotagem do diploma e a guerra contra a exigência de formação universitária específica para ao exercício da profissão.

E o motivo maior, unificador de todas estas criminosas iniciativas patronais, é um só: intensificar a exploração sobre nós, os trabalhadores da notícia, e, por consequencia, ampliar seus lucros diante do agravamento da crise mundial por que passa o capitalismo – sobre a qual, evidentemente, os jornalistas e demais trabalhadores não tem culpa alguma. Ficou absolutamente clara a convicção de que não devemos nós, os trabalhadores, pagar pela crise do capital.


Outro consenso a que chegou a reunião, sem que se registrasse uma única exceção, foi o de que é tão necessária quanto inadiável a adoção de um novo tipo de ação sindical, uma ação que não seja – como vem ocorrendo em nosso estado e na maioria do país, em todas as categorias de trabalhadorees – pautada pelo institucionalismo, pela acomodação, pelo burocratismo. Os jornalistas e futuros jornalistas de Montes Claros deixaram clara sua exigência de um sindicato livre, autônomo e independente frente aos patrões, a partidos políticos e a quem quer que seja. Os jornalistas e futuros jornalistas de Montes Claros deixaram claro: querem e exigem um sindicato de luta. Este foi o caminho apontado.


Fonte: Oposição Sindical do SJPMG

09 junho, 2010

Liberdade de expressão e de imprensa: Um manifesto

A liberdade de imprensa inclui, como componente essencial e inalienável, a liberdade de exibir, ridicularizar, parodiar e pastichar as gafes, mentiras, barrigas e distorções veiculadas pela própria imprensa. Hoje, no Brasil, nove de cada dez gritinhos histéricos dos patrões e funcionários da grande mídia sobre um suposto cerceamento de sua liberdade de imprensa referem-se única e exclusivamente ao exercício dessa mesma liberdade. O artigo é de Idelber Avelar.

1. A irrestrita liberdade de imprensa de que se goza hoje no Brasil deve ser defendida por todos os brasileiros, independente de sua posição política. Essa liberdade se caracteriza pela ausência de censura prévia do Poder Executivo sobre o conteúdo daquilo que se diz, escreve ou publica no país. Literalmente qualquer coisa pode ser dita sem impedimento prévio no Brasil, e a mastodôntica coleção de mentiras, injúrias, calúnias, difamações, distorções e manipulações veiculadas regularmente por Veja, Globo, Folha, Estadão, Zero Hora e outros oferece a prova cabal de que vivemos em pleno exercício desta liberdade. 

2. Não há democracia em que a ausência de censura prévia sobre o dizer se confunda com a ausência da possibilidade de responsabilização (inclusive penal) posterior ao dito. Muitos brasileiros, ainda escaldados pelas ditaduras, confundem com “censura” qualquer reclamo de responsabilização sobre o dito. Uns poucos brasileiros ligados à grande mídia manipulam de má fá essa confusão em benefício próprio. Na verdade, todas as democracias que asseguram a plena liberdade de expressão (a total ausência de censura prévia) possuem em comum, em seu arcabouço jurídico, alguma forma de penalização sobre o difamar e o caluniar. Essas leis são parte do que garante a plena liberdade de expressão. O problema no Brasil jamais foi a existência delas. O problema no Brasil é que só os poderosos têm podido recorrer à justiça evocando-as, e em geral para silenciar vozes discordantes. As reais vítimas da difamação dos grupos de mídia têm tido acesso quase nulo à reparação jurídica. 

3. A liberdade de imprensa não está realizada em todo o seu potencial se apenas meia dúzia de famílias dela usufruem de forma massiva. O fato é óbvio mas, nos debates sobre o assunto, o óbvio com frequência clama por ser reiterado: a liberdade de imprensa estará tanto mais realizada quanto mais numerosos forem os grupos sociais com acesso a veículos que os representem; mais amplo for o leque de discursos acerca de cada tema; mais diversificados forem os pontos de vista em condições de encontrar expressão, entendendo-se que essas condições incluem não só a liberdade de dizer, mas também o acesso aos meios materiais que tornam possível a circulação do dito. Neste sentido, o grande obstáculo para a plena democratização da imprensa no Brasil (que avançou em função das novas tecnologias e algumas políticas do governo Lula) é justamente a mídia monopolista das famiglias, que se agarram aos seus velhos privilégios com enraivado, baboso rancor.

4. Não há liberdade plena de imprensa sem direito de resposta, o direito de expressão mais desrespeitado, historicamente, no Brasil. Tão fundamental é ele para a liberdade de imprensa que não faltariam teóricos do Direito alinhados com a tese de que se trata de direito antropologicamente universal, comparável à legítima defesa. Poucos blogueiros independentes, depois de publicar texto enfocado em outrem, negariam espaço comparável para a resposta do citado. No entanto, vivemos num país cujo maior jornal publica ficha policial falsa, adulterada, com falsa acusação, sobre o passado de uma ministra, e nem mesmo ela consegue exercer seu direito de resposta. Caso ela tivesse cometido o erro político de buscar judicialmente o exercício desse direito, teria sido insuportável a gritaria histérica dos funcionários das famiglias contra uma inexistente “censura”. É preciso que cada vez mais a sociedade civil diga a esses grupos de mídia: vocês não têm autoridade moral para falar em liberdade de imprensa nenhuma, pois apoiaram a instalação dos regimes que mais atentaram contra ela, além de que não a exercem em seu próprio quintal, negando sempre o espaço de resposta a quem atacam. A Folha chegou ao cúmulo de publicar um texto que lançava lama sobre dois seus próprios jornalistas, qualificando de “delinquência” uma reportagem feita por eles, sem que os profissionais pudessem exercer seu direito de resposta. Pense bem, leitor: essa turminha tem cara de guardiã da liberdade de imprensa? 

5. A veiculação de sentença penal condenatória acerca de crime contra a honra cometido pelos grupos de mídia é um direito do público leitor/espectador/ouvinte. Especialmente no caso de sentença já transitada em julgado, é básico o direito do leitor saber que a justiça decidiu que naquele espaço foi cometido um crime contra a imagem de alguém. No entanto, até a data de produção desta coluna (03 de maio), continuam valendo as perguntas: como a Folha de São Paulo tem a cara de pau de não veicular a notícia de que foi condenada em definitivo por crime contra Luis Favre? Como a Zero Hora tem a cara de pau de não avisar ao leitor que se confirmou sua condenação por crime contra uma desembargadora? 

6. A discussão democrática sobre a renovação (ou não) das concessões públicas a rádios e TVs não é contraditória com a liberdade de imprensa; pelo contrário, é parte de seu pleno exercício. Há uma razão pela qual a liberdade de que se imprima qualquer coisa é juridicamente distinta da autorização a que se transmita TV ou rádio em sinal emprestado pelo poder público. Só por ignorância ou má fé pode se comparar uma recusa do Estado a renovar uma concessão de TV ao ato de fechar um jornal (recordando que a má fé pode ser ignorante, e com frequência o é nestes casos). No Brasil, a discussão democrática sobre as concessões é de particular importância no caso do único grande império de mídia que sobrevive com inegável capilaridade e poder de fogo, o da famiglia Marinho, de tão nebulosa história. 

7. A liberdade de imprensa inclui, como componente essencial e inalienável, a liberdade de exibir, ridicularizar, parodiar e pastichar as gafes, mentiras, barrigas e distorções veiculadas pela própria imprensa. Hoje, no Brasil, nove de cada dez gritinhos histéricos dos patrões e funcionários da grande mídia sobre um suposto cerceamento de sua liberdade de imprensa referem-se única e exclusivamente ao exercício dessa mesma liberdade, só que agora por leitores e ex-leitores, cujo direito à expressão essa mídia jamais defendeu, sequer com um pio.
Fonte: CartaMaior

08 junho, 2010

Folha, drogas, mentiras & dossiês

Numa versão dissimulada da manipulação que Veja e Globo fizeram de forma escancarada na última semana, a Folha de S.Paulo resolveu contar ao seu leitor na edição de sábado, dia 5 de junho, um pedaço - ínfimo - da verdadeira história por trás do suposto dossiê contra José Serra que abala a campanha demotucana e ressuscita velhas torpezas presentes nas disputas presidenciais desde o fim da ditadura. O artigo é de Saul Leblon.

O resumo-malabarista dos acontecimentos não é assinado, o que desde já sugere um produto distinto da reportagem e mais próximo de uma alta "costura’"política destinada a salvar as aparências perante leitores e eleitores depois do fiasco da operação-dossiê, que consistia em desqualificar denuncias graves –alucinadamente sempre omitidas - com o carimbo antecipado de conspiração petista. O que parece ter dado errado nesse exercício tantas vezes bem sucedido é que, primeiro, as informações negadas pelos jornalões vazaram e circulam livremente na Internet (leiahttp://www.conversaafiada.com.br/]; segundo, e mais complicado, a origem guarda credibilidade distinta dos dossiês eleitorais na medida em que se apóia em investigação minuciosa, ancorada em documentações muitas vezes chanceladas pela Justiça. 

Na corrida contra o prejuízo, o produto oferecido aos leitores da Folha mantém a marca registrada de um certo padrão de jornalismo dissimulador , feito para confundir quando a missão de informar se revela inconveniente. É isso que está em marcha nesse momento em relação ao episódio do suposto dossiê. De forma coordenada, veículos diferentes armam um vertiginoso quebra-cabeças feitos de peças conflitantes que não se completam nunca. Dilui-se assim o que é central numa conveniente trama de sub-enredos reais ou imaginários. Valores em dinheiro totalmente contraditórios são jogados sem explicação. Declarações desencontradas diluem o principal em uma miríade de especulações laterais. Um mesmo personagem faz declarações diametralmente opostas em veículos diferentes, às vezes no mesmo dia. Sobre essa calda pegajosa que aos poucos satura e repugna mantém-se o guarda-chuva que interessa fixar. O vírus permanente da suspeição em relação ao governo, seu partido, sua candidata, seus métodos, a origem dos seus recursos, as relações internas entre seus membros enfim, tudo e todos que gravitam ao seu redor.

A chamada da primeira página da Folha segue a regra - "Jornalista e delegado são pivôs do caso do dossiê". Não há, a rigor, qualquer respaldo para essa manchete nas informações contidas na matéria interna que na verdade a desmente, ao admitir:

a) ao contrário do que Serra afirma e a Folha endossou obsequiosamente no noticiário generosos dos dias anteriores, e continua a insinuar na manchete, o comando da campanha de Dilma em Brasília não contratou nem produziu dossiê algum contra o candidato do conservadorismo brasileiro;

b) os personagens que a manchete arrola como ‘pivôs’ do caso do dossiê teriam participado, diz a matéria, de uma conversa com um publicitário indiretamente ligado à campanha do PT;

c) sempre segundo o padrão Folha de jornalismo, em meados de abril, cogitou-se criar um sistema de inteligência no comitê de Dilma, em Brasília, para detectar a presença de eventuais espiões de Serra –suspeita ancorada em sucessivos vazamentos de informações confidenciais sobre custos e recursos envolvidos na campanha; 

d) a criação do ‘serviço’ relatado pela Folha –com as ressalvas anteriores sobre a qualidade da informação prestada por esse jornalismo— teria sido abortada por uma divergência de preço. Ponto. Mas e o dossiê que a Veja denunciou, o Globo repercutiu e a Folha escorou dando destaque às declarações de Serra que afirma ser de responsabilidade ‘exclusiva’ de Dilma? Aspas para o texto da Folha, novamente: a) ‘em 2 de maio’, diz o relato apócrifo, integrantes do PSDB souberam que a campanha de Dilma estaria montando [a mencionada] equipe de "inteligência" com o objetivo, deduziram, de espionar Serra’ Fecha aspas. Quem ‘deduziram’? 

A matéria não esclarece, nem questiona. A Folha não revela sequer curiosidade em relação a esse núcleo central da trama que ao deduzir erroneamente –pelo que diz o próprio jornal-- criou o factóide surrado do ‘dossiê petista’, no qual embarcaram todos os veículos, bem como o candidato demotucuno, que o PT ameaça levar à justiça para provar a acusação criminosa contra Dilma Rousseff. Por fim, mas não por último, resta a embaraçosa omissão da matéria da Folha sobre o mais importante: o conteúdo efetivo dessas informações cuja divulgação – ‘circula na Internet’, diz o texto-- estremeceria a campanha demotucana, a ponto de se montar um coro despistador na tentativa de desqualifica-las por antecipação. 

A dificuldade em tratar o principal é um sintoma da gravidade do que se tenta esconder. Um primeiro ponto remete ao autor das informações em litígio. Sobre esse personagem que a Folha conhece porque admite que já trabalhou na sua redação, bem como na de outros veículos de igual calibre, o texto faz menção curta sem abrir aspas para a entrevista óbvia que o assunto merece. Diz o jornal: ‘ Amaury Ribeiro Júnior ... investigou por anos o processo de privatização brasileiro iniciado nos anos do governo FHC (1995-2002)’. 

Omitiu a Folha aquilo que ela e todo o meio jornalístico sabem : o jornalista Amaury Ribeiro Júnior é dono de três prêmios Esso; vernceu quatro prêmios Vladimir Herzog, é membro do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, apenas para citar alguns dados sobre a credibilidade do profissional que investigou e reuniu as informações escondidas pelo sistema midiático ao qual ele pertencia até recentemente. Não estamos falando portanto de uma Eliane Catânhede. Em frente. 

Segundo a Folha a) ‘os dados começaram a ser coletados [por Ribeiro Jr] em sua passagem pelo "Estado de Minas", principal diário mineiro, próximo politicamente do ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG)’ ; b) ‘a apuração começou em 2009, depois que Aécio, então ainda um potencial presidenciável, foi alvo de reportagens críticas...” Alvo de quem? Curioso, no parágrafo anterior, a Folha desqualifica o trabalho investigativo do jornalista ao espetar no "Estado de Minas" o epíteto: ‘próximo politicamente do ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG)’, mas nada relaciona sobre a ‘proximidade política’ dos veículos responsáveis pelas ‘reportagens críticas’citadas em seguida apenas de raspão. A reportagem-malabarista não assinada da Folha passa olimpicamente por indagações obrigatórias de qualquer pauta cuidadosa. Que tipo de ‘reportagens críticas’; em benefício de quem foram feitas; um trecho, um exemplo? 

Nada. Na verdade, a abordagem isenta exigiria quase que uma auto-imolação do diário da família Frias, uma auto-investigação das perdas e danos causados à informação por seu esférico engajamento na candidatura José Serra , indissociável do anti-lulismo praticado disciplinadamente por quase toda a sua redação. 

É inescapável recordar uma passagem que condensa a radicalização inscrita em todo esse episódio, traduzido por um jornalismo de campanha – nunca assumido abertamente - praticado pelo conjunto da mídia conservadora, sobretudo a de São Paulo. Em 4 de março de 2009, o jornal "O Estado de São Paulo", por exemplo publicou – numa seqüência de disparos da mesma cepa deflagrados pela Folha, Globo etc - um artigo criticando de forma agressiva a pressão do governador mineiro Aécio Neves pela realização de prévias democráticas no PSDB para a escolha do postulante à Presidência da República. Àquela altura, a sempre oportuna prontidão do Datafolha dava a Serra 45% das intenções de voto, contra apenas 17% de Aécio Neves, que mal disfarçava o propósito de implodir a blindagem erguida em torno do rival paulista levando a disputa para fora do jogo de cartas marcadas arbitrado pela endogamia entre a cúpula do seu partido e a mídia do eixo São Paulo-Rio. 

Os xiliques de Serra e a agressividade dos recados emitidos pelos jornais serristas demonstravam que nem um, nem outro, confiavam de fato nos confortáveis índices oferecidos à opinião pública interna e externa pelo instituto de pesquisas da família Frias. É nessa linha de tensão que surge o artigo "Pó pará, governador?" cujo título trazia uma insinuação de represálias sem limite, caso Aécio Neves insistisse em se colocar na disputa contra o tucano paulista. A sombra da represália, por certo em munição letal, tanto que Aécio desistiu da candidatura - ficava explícita no parágrafo final do recado assinado pelo versátil porta-voz de interesses inconfundíveis, o jornalista, advogado, escritor, administrador de empresas, pintor e etc, Mauro Chaves. Depois de denunciar o controle do mineiro sobre a imprensa do Estado [ "em Minas imprensa e governo são irmãos xifópagos"], o texto concluía: "Aécio devia refletir sobre o que disse seu grande conterrâneo João Guimarães Rosa: "Deus é paciência. O diabo é o contrário. E hoje talvez ele advertisse: Pó pará, governador?".
Era uma chamada enigmática para alguns, mas inteligível para os círculos que já ouviram insinuações recorrentes sobre hábitos pessoais do governador.

É sobre esse campo minado por uma luta que dificilmente fará de Aécio um cabo eleitoral mais que formal de José Serra, que explodiu o resultado de anos de trabalho de um premiado jornalistas investigativo do país. A coleção de dados e cifras envolvendo a família, os amigos, assessores de confiança de José Serra, seus laços societários e eleitorais com a família de Daniel Dantas e as ligações do conjunto com privatizações e movimentos milionários de dólares, dentro e fora do país, formam um latejante paiol em forma livro prestes a explodir no colo da coalizão demotucana. Desdobrado em 14 capítulos, com lançamento previsto para depois da Copa do Mundo, o artefato deixa o insone assumido, José Serra, cada vez mais distante de uma noite de sono dos justos. Pior que isso: torna mais improvável ainda que ela ocorra um dia na cama do Palácio do Planalto.

20 maio, 2010

Escravidão e o golpe militar foram motivadores para ocupação de fazenda em Bocaiuva

JAIR BASTOS* (@jairbastos)

O terreno ocupado abrigou uma das primeiras usinas de açúcar da região. À direita, a torre da chaminé que fazia parte da estrutura fabril é testemunha da história (foto: Jair Bastos)

Além da extensão de aproximadamente 3,5 mil hectares, a história que envolve as terras da Fazenda Sítio, em Bocaiuva, Norte de Minas, foi motivadora para a ocupação feita pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), na madrugada do domingo, 16.

A Fazenda Sítio é tombada pelo Patrimônio Histórico Municipal devido aos vestígios da época da escravidão. Entre os artefatos presentes estão o tronco e o cepo utilizado para castigar os cativos. Historiadores relatam a presença de ruínas do que foi uma senzala que abrigava os escravos do lugar. Também estão ali, casas utilizadas por José Maria Alkmim (1901-1974), legendário político bocaiuvense, que foi ministro da Fazenda no governo de Juscelino Kubitscheck e vice do marechal Castelo Branco (1897-1967), primeiro presidente do regime militar, durante o período de 1964-1967.
Telhado foi colocado para preservar o artefato utilizado para castigar os cativos rebeldes. Ao fundo, a primeira sede da fazenda de José Maria Alkmim (foto: Jair Bastos)
ALKMIM E OS MILITARES
Este, aliás, é um dos fatores que motivaram a ocupação, segundo o movimento. Os veículos de comunicação ligados ao MST consideram Alkmim como um dos articuladores do Golpe de 1964. Relatos não confirmados dizem respeito a reuniões de José Maria Alkmim fazia com militares, antes e durante o período da ditadura, na varanda da casa que fica na sede da fazenda ocupada.
Foi justamente no Governo Castelo Branco que organizações como o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), as ligas camponesas e a União Nacional dos Estudantes (UNE) foram perseguidas e reprimidas, sendo enquadradas na Lei de Segurança Militar, que foi germinada no Ato Institucional nr. 1, do qual José Maria Alkmim foi um dos redatores. O AI-1, como ficou conhecido do documento, entre outras coisas, suspendia os direitos políticos de todos os cidadãos vistos como opositores ao regime militar, dentre eles, congressistas, militares e governadores.

Também empresários foram investigados. Foi o caso dos donos da Panair do Brasil, a maior companhia aérea do país, na época, que teve a sua licença para voar cassada e o patrimônio temporariamente confiscado porque o grupo acionário era ligado a líderes comunistas e a Juscelino Kubitschek.

A SITUAÇÃO DO LUGAR
Aproximadamente 500 pessoas, entre adultos, crianças e idosos, estão acampadas no pátio da propriedade, distante 55 km de Bocaiuva. De acordo com Edvaldo 'Primo' Soares, um dos coordenadores do MST e responsável pelo contato com a imprensa, o local foi escolhido por causa das características peculiares.

"Estamos aqui para retomar a dignidade daqueles que foram escravizados neste lugar, daqueles homens e mulheres que deram seu sangue e seu suor", diz. “Muitos perderam suas vidas neste lugar”, relembra o coordenador.
Sem-terra estão acampados em barraca coletiva. (foto: Jair Bastos)
Primo afirmou que várias pessoas foram mobilizadas em Bocaiuva para participarem da ocupação. “Muitos bocaiuvenses estão aqui e nós aguardamos, ainda, pelo menos 80 famílias que estão na região do entorno da fazenda para se juntar a nós”, disse o sem-terra.
A Polícia Militar e a Polícia Civil estiveram no local, na segunda-feira, 17, para conhecer a situação que se apresentava no lugar. O comandante do pelotão de Bocaiuva, Tenente Franco, juntamente com outros policiais, conversou com os sem-terra para garantir a segurança dos moradores do lugar. Conforme o oficial, a chegada dos manifestantes foi feita de forma tranqüila e pacífica, sem nenhum confronto com os responsáveis pelo local ou com os moradores.
NOVAS OCUPAÇÕES
“A ocupação vem sendo planejada há pelo menos dois anos, depois de uma extensa pesquisa para conhecer a área”, revelou Primo. “São cerca 3,5 mil hectares de terras que estavam improdutivas e sem nenhuma função social”, destaca. A Coordenação Estadual do MST confirmou a ocupação e reivindica a desapropriação imediata das terras. Além disso, querem “o assentamento de todas as famílias acampadas em Minas Gerais e assistência técnica e liberação de crédito agrícola para as famílias assentadas”.
Primo citou outras propriedades na região norte-mineira, como a fazenda do vice-presidente José Alencar, em Pedras de Maria da Cruz, como sendo latifúndio improdutivo, sem dizer , no entanto, se é intenção do MST promover a ocupação aquelas terras. Porém, reafirmou que a existência de grandes extensões de terra improdutivas é uma realidade da região e que o movimento não vai parar por aqui.
Acampados, os trabalhadores sem-terra exigem a imediata resolução do conflito (foto: Jair Bastos)
A CPT E O MST
Coincidências à parte, a ocupação acontece na mesma semana em que se realiza o 3º Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Montes Claros. Com o lema “No clamor dos povos da terra, a memória e a resistência em defesa da vida!”, o congresso pretende discutir novas formas utilização social da terra, o desenvolvimento sustentável e recuperação dos biomas e a situação dos assentamentos no país. Em nota divulgada à imprensa, a CPT apoia a ocupação na Fazenda Sítio, reafirmando que “o latifúndio não possui função social e está abandonado”.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra surgiu em 1984 com a participação de trabalhadores rurais e organizações ligadas à reforma agrária, centrais sindicais, e pastorais da Igreja Católica, como a própria CPT. De acordo com a nota dos sem-terra, o MST “é fruto da história da concentração fundiária que marca o Brasil desde 1500”.
Dentre suas atividades, “o MST defende um programa de desenvolvimento para o Brasil, que priorize a solução dos problemas do povo, por meio da distribuição da terra, criação de empregos, geração de renda, acesso a educação e saúde e produção e fornecimento de alimentos”.

17 maio, 2010

MST ocupa fazenda que utilizava escravos

A ocupação tem questões históricas envolvidas. Ao fundo, à direita, chaminé da usina de açúcar que funcionou no século passado.

"Queremos retomar a dignidade daqueles que foram escravizados neste lugar, daqueles que deram seu sangue e seu suor", diz Edvaldo 'Primo' Soares, um dos coordenadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, se referindo à Fazenda Sítio, ocupada desde a madrugada de domingo, 16.

Cerca de 100 famílias, inclusive crianças e idosos, estão acampadas no pátio da fazenda, distante 55 km de Bocaiuva, no Norte de Minas.

De acordo com Primo, o local da ocupação foi escolhido por suas características peculiares. “Muitos perderam suas vidas neste lugar”, relembra o coordenador. Ele se refere aos trabalhadores que sofreram a escravidão no início do séc. XX, na fazenda que abrigou uma das primeiras usinas de açúcar da região.


O local é patrimônio histórico municipal e contém, até hoje, os instrumentos utilizados para o castigo dos escravos, como o tronco e o cepo (foto abaixo).


Texto e fotos: Jair Bastos


10 abril, 2010

Flashes do Trófeu Bola Cheia Sebastião Cleto

Veja aqui, os melhores momentos do Troféu Bola Cheia Sebastião Cleto 2009, realizado em Bocaiuva. Entre as presenças, o ex-jogador do Cruzeiro e Atlético-MG, Prócopio Cardoso. O evento aconteceu na noite de sexta-feira, 9, no Centro Cultural Henfil.

Os homenageados da noite: o 'advogado da bola', Procópio Cardoso, 
e o paraninfo do troféu, Sebastião Cleto, o Amorzinho.


O professor Paulo Roberto entrega o trófeu ao ex-goleiro da Associação Atlética
Gastão Valle, Carlos Ferreira de Oliveira, o Vi de João Mano.

O técnico Tuzinho recebe o troféu especial do sargento Veloso.


Zagueiro do Juventus Futebol Clube por muitos anos, Sebastião Otávio de Assis Freire, 
o Tião de Zué, recebe o Troféu Sebastião Cleto 2009 
do idealizador do prêmio em Montes Claros, Denart d'Ávila

Fotos: Jair Bastos 

25 fevereiro, 2010

Cinema Comentado e CineSesc fecham fevereiro com mais dois premiados

Nesse sábado, 27/02, o Cinema Comentado Cineclube e o CineSesc encerram a discussão sobre o cinema indiano exibindo O MUNDO DE APU (1959) – capítulo final da premiada trilogia do diretor Satyajit Ray. Apu é um ex-estudante desempregado que sonha com um vago futuro como escritor. Um antigo colega convence-o a ir com ele a um casamento na província. A sua vida vai mudar, pois o noivo enlouquece e Apu acaba casando-se e regressa a Calcutá com a sua bela mulher. Mas Aparna morre no parto e o filho Kajal é abandonado aos cuidados dos avôs. Só após um longo período de total indiferença, Apu se encontra preparado para voltar ao mundo.

Para concluir a trilogia, Ray destaca, com força, a humanidade dos personagens. Este terceiro filme já não possui cenários tão belos como o primeiro, a natureza (principalmente em seu início) não está tão presente, mas o cineasta não abandona a tenura: ela cresce aos poucos, à medida que Apu e Aparna se apaixonam. O MUNDO DE APU, ainda que focado na racionalidade e crescimento do protagonista agora só, é um belo conjunto de pequenos instantes simbólicos e majestoso uso de imagens como metáforas. É um filme que simboliza a quase desistência, o rompimento com a idéia de “invencibilidade”, uma imensidão de um mundo e uma nova ironia de Ray.

A realidade da “Trilogia de Apu” é dura, cruel, seca. A existência é paradoxalmente repleta de vida (ainda que entremeada de tantas mortes), de natureza, sons, movimento. Ray passeia entre o bem e o mal, a saúde e a doença, a vida e a morte, numa doçura e realismo impressionantes. Sua maneira de dissecar a realidade social da Índia incorpora perfeitamente o humanismo e a sensibilidade herdadas do neo-realismo italiano.

A crítica Úrsula Rösele (site FilmesPolvo) define muito bem a obra de Satyajit Ray: “Apesar de serem filmes permeados por muitas tragédias, fome e pobreza, há sempre uma idéia de esperança em seus planos, em sua construção cênica. Essa parece ser, para além da história que ele sabe muito bem contar, uma esperança no cinema, em seu potencial e sua força artística”.

O Cinema Comentado Cineclube, em parceria com o CineSesc, acontece todo sábado, a partir das 19h, no Salão de Convenções do Sesc-Pousada Montes Claros – Rua Viúva Francisco Ribeiro 199 (Ginásio do Sesc). A entrada é gratuita e há sempre um bate-papo após as exibições.


Guerra, sonhos e humor no domingo 



No domingo, dia 28/02, o CineSesc e o Cinema Comentado Cineclube fecham o mês de fevereiro com a exibição de “UNDERGROUND – MENTIRAS DE GUERRA” (1995), do diretor Emir Kusturica. Situações surreais, humor, política, aventura, tragédia, poesia, pátria. Um dos grandes filmes da história do cinema mundial (foto), Palma de Ouro no Festival de Cannes, a trama se passa durante a Segunda Guerra, quando dois amigos fazem fortuna utilizando um grupo de refugiados num porão para produzir armas que vendem no mercado negro. Ao final do conflito, continuam iludindo o grupo por quinze anos, para poder explorá-los. Uma visão crítica da realidade humana, social e política, o filme é uma alegoria perfeita para os dias que correm.

Em UNDERGROUND, Kusturica apresenta de maneira bastante irônica o último meio século de conflitos na sua Iugoslávia, da invasão nazista na segunda grande guerra até a invasão norte-americana na recente guerra dos Balcãs. A absurda vila subterrânea se transforma numa pequena e delirante fábrica; os anos passam e os conflitos continuam, numa situação completamente caótica, criada pela genialidade do cineasta, que mistura o realismo socialista com imagens surrealistas e metáforas de situações sociais e políticas da história. Numa das primeiras cenas mágicas do filme, dezenas de animais exóticos fogem do zoológico de Belgrado debaixo do bombardeio nazista.

Kusturica nasceu em Sarajevo (atual Bósnia) e começou a fazer cinema ainda no colégio, dirigindo filmes independentes, muitos deles premiados em festivais nacionais amadores. Foi um dos mais brilhantes alunos da Famu, a academia cinematográfica de Praga, onde estudou de 1973 a 1977. Por seu projeto de graduação, o curta-metragem em preto-e-branco “Guernica”, ganhou o primeiro prêmio do Festival Internacional de Cinema Estudantil, em Karlovy-Vary (República Tcheca). Sua obra coleciona prêmios em Cannes, Berlim e Veneza sempre incorporando elementos da realidade e dos sonhos numa narrativa crítica e irônica.

Para Fábio Rossano Dario (site CinePlayers), o cineasta é “uma figura pagã, anárquica, poética, uma mente fértil, cheia de fantasias surrealistas, com um estilo próprio e único. Talvez possamos enxergar um pouco de Felini em algumas cenas tragicômicas de UNDERGROUND. Nos seus filmes pode-se sentir a forte presença circense e cigana. As imagens, as cores e a dramaticidade dos atores, muitas vezes amadores, são muito valorizadas, assim como a música. Para quem é apaixonado pelo cinema europeu, UNDERGROUND, assim como toda a obra de Kusturica deve ser vista”.

O CineSesc acontece em parceria com o Cinema Comentado Cineclube e a Programadora Brasil, apresentando sessões todos os domingos, no Salão de Convenções do Sesc-Pousada Montes Claros, a partir das 19h. O endereço do Salão é Rua Viúva Francisco Ribeiro 199 (Ginásio do Sesc). As sessões são gratuitas, abertas a todos os interessados, e depois acontece um bate-papo com a platéia sobre o filme apresentado.

PROXIMAS ATRAÇÕES: 

06/03 - Jogo de Cena (2007), dir: Eduardo Coutinho.
07/03 - Um Beijo Roubado (2007), dir: Wong Kar-Wai.
13/03 - Down by Law (1986), dir: Jim Jarmusch.
14/03 - A Culpa é do Fidel (2006), dir: Julie Gavras.

Fonte: Cinema Comentado Cineclube e CineSesc