Rodrigo Said convoca toda a população para o enfrentamento à Dengue. (Crédito: Marcus Ferreira) |
A Secretaria
de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) realizou nesta
quinta-feira (03/11), no auditório da Fundação Ezequiel Dias (FUNED),
coletiva de imprensa sobre os casos de microcefalia notificados em Minas Gerais. Desde o dia
11 de novembro o Ministério da Saúde estabeleceu que a microcefalia deve ser
tratada como evento de emergência de saúde pública, tornando obrigatória a
notificação dos casos no país.
A partir desse período, a SES-MG notificou 11 casos no
estado, sendo um em Uberlândia, dois em Contagem, um em Congonhas, três em Belo
Horizonte, dois em Montes Claros, um em Ponte Nova e um em Curvelo. Os casos
estão em investigação.
O Superintendente de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e
Saúde do Trabalhador da SES-MG, Rodrigo Said, explica que os casos estão sendo
investigados para a determinação da causa da microcefalia, que pode estar ou
não associada ao Zika vírus.
“Até o momento nós não temos identificação de um surto de
microcefalia em Minas Gerais e os casos registrados em 2015 estão dentro da
normalidade esperada para o ano. O diagnóstico laboratorial da microcefalia não
é realizado exclusivamente para o Zika vírus. Existe um painel de doenças que
estão sendo pesquisadas neste momento, como toxoplasmose, rubéola, sífilis,
entre outras”, afirma Said.
Para o monitoramento da entrada do Zika vírus em Minas
Gerais e em consequência aos casos de microcefalia ocorridos nos estados do
Nordeste, a SES-MG está cumprindo os protocolos do Ministério da Saúde e
reativando a vigilância sentinela, que são equipes das unidades de saúde
tecnicamente treinadas para identificar os sintomas agora ligados ao Zika vírus
e encaminhar para a análise.
As unidades estão distribuídas estrategicamente nos
municípios de Uberaba, Belo Horizonte, Montes Claros, Teófilo Otoni,
Juiz de Fora e Pouso Alegre. Além de Minas Gerais não ter confirmado casos de
microcefalia associados ao Zika vírus, não há, até o momento, circulação do
vírus no estado.
Após a notificação, inicia-se um processo de investigação,
conforme o protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde. A primeira etapa
desse protocolo é um questionário de investigação da gestante. De acordo com as
informações coletadas, é atribuído se essa gestante encontrava-se em situação
de risco, ou seja, se ela estava em alguma área de transmissão do Zika vírus,
ou se ela apresenta algum dos outros fatores associados à microcefalia, como o
uso de substâncias químicas ou processos infecciosos, causados por bactérias ou
vírus.
Zika Vírus e microcefalia
As doenças Dengue, Chikungunya e Zika vírus são transmitidas pelo
mesmo mosquito, o Aedes aegypti. Portanto, combater o mosquito é a forma de
evitar as três doenças. A microcefalia não é um agravo novo. Trata-se de uma
malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada.
Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que
habitualmente é superior a 33 cm.
Esse defeito congênito pode ser efeito de uma série de
fatores de diferentes origens durante a gestação, como exposição a drogas,
álcool e certos produtos químicos, desnutrição grave, agentes biológicos
(infecciosos), como bactérias, vírus e radiação. Dependendo do grau da doença,
a criança pode apresentar deficiência mental, problemas de visão, auditivos,
convulsões e dificuldades de locomoção.
Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo
mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento
cognitivo normal. O tipo e o nível de gravidade da sequela vão variar caso a
caso. Tratamentos realizados desde os primeiros anos melhoram o desenvolvimento
e a qualidade de vida.
Cuidados durante a gestação
Durante a gestação é necessário proteger-se das picadas de
insetos. É importante que a gestante evite horários e lugares com presença de
mosquitos; sempre que possível utilize roupas que protejam partes expostas do
corpo; permaneça, principalmente, no período entre o anoitecer e o amanhecer,
em locais com barreiras para entrada de insetos como: telas de proteção,
mosquiteiros, ar-condicionado ou outras disponíveis; consulte o médico sobre o
uso de repelentes e verifique atentamente no rótulo a concentração do repelente
e definição da frequência do uso para gestantes. Se houver qualquer alteração
no estado de saúde da gestante, principalmente no período até o quarto mês de
gestação, ou na persistência de doença pré-existente nessa fase, o fato deve
ser comunicado aos profissionais de saúde (médicos obstetras, médico
ultrassonografista e demais componentes da equipe de saúde) para que tomem as
devidas providências para acompanhamento da gestação.
Nova campanha
"10 Minutos Contra a Dengue" é a nova
campanha criada pela SES-MG para mobilizar a população no controle e
enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti. A campanha de mobilização, controle e
enfrentamento à Dengue, Chikungunya e Zica Vírus será trabalhada neste ano e no
próximo, e tem como propósito fazer com que as pessoas separem apenas 10
minutos de sua semana para limpar os locais em suas casas onde o mosquito Aedes
aegypti se reproduz. Além da campanha, a SES-MG está investindo R$ 36.602.955
milhões em ações de vigilância e controle de endemias transmitidas por vetores.
O recurso será dividido para todos os 853 municípios mineiros.
A proposta da campanha foi idealizada com base no
conhecimento científico dos pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz
(IOC/Fiocruz). O projeto é inspirado em uma estratégia de controle do Aedes
aegypti adotada em Cingapura, que foi capaz de interromper o pico de epidemia
no país com ações semanais da população dentro de suas residências, de apenas
10 minutos, para limpeza dos principais criadouros do vetor.
Mais informações em: http://www.saude.mg.gov.br/component/gmg/story/7787-ses-mg-divulga-casos-de-microcefalia-em-minas-gerais